terça-feira, 25 de novembro de 2008

A CRIAÇÃO

O acasalamento
O problema do acasalamento, tanto do macho quanto da fêmea, geralmente desperta bastante interesse dos proprietários. Algumas pessoas acreditam que a falta de acasalamento periódico pode ocasionar algumas conseqüências para o animal, que inclusive poderia ficar "raivoso". Essa é uma suposição destituída de fundamento, já que não há qualquer dano à saúde do animal.
O hábito que algumas pessoas têm de soltar seu animal para que cruze com outros das redondezas é extremamente perigoso: as doenças veneras, as lesões corporais freqüentes e a possibilidade do animal ser contaminado pela Raiva, são razões mais que suficientes para condenar tal prática.
A escolha do parceiro - quando o proprietário deseja que o animal se reproduza, a escolha do parceiro tem muita importância. Deverá ser escolhido o companheiro adequado, preferindo-se aqueles que possuem características raciais semelhantes, temperamentos compatíveis, porte aproximado, etc. Além disso, quando se trata de animais puros, normalmente, se estuda o "pedigree", pelo qual se avalia as potencialidades genéticas do animal e se evita a consangüínidade.
Deve-se evitar os acasalamentos de pais com filhos, ou entre parentes próximos, caso contrário haverá grandes possibilidades de perpetuar ou revelar defeitos genéticos, a menos que se tenha uma segura orientação técnica. É importante que o parceiro escolhido esteja em boas condições de saúde, e seja vacinado contra as doenças mais prevalentes na espécie. A orientação do médico veterinário nessa eventualidade, tem se mostrando extremamente útil.
O ciclo reprodutivo na fêmea - na cadela, normalmente há dois ciclos por ano, que duram 6 meses cada um. Muitas pessoas acreditam que o cio ocorre principalmente na primavera e outono, mas efetivamente parece não haver nítida conotação estacional.O ciclo é dividido em quatro estágios:
1) - Anestro: dura cerca de 2 meses, e corre nos 60 dias anteriores ao início da hemorragia;
2) - Proestro: se estende desde o início da hemorragia até o momento da primeira aceitação do macho. Dura cerca de 9 dias.
3) - Estro ou cio: este é o período de aceitação do macho, durando cerca de 9 dias. A ovulação ocorre provavelmente no segundo dia deste estágio.
4) - Metaestro: é a fase de regressão, que vai do estro ao anestro, ou estágio de descanso. Dura aproximadamente 3 meses.
Idade para o acasalamento - entre os 7 e 10 meses de idade, a maioria dos cães pode reproduzir. Entretanto, a maior parte dos animais nessa idade ainda está em desenvolvimento. Especialmente as fêmeas, que ainda não estão com o organismo suficientemente amadurecido para suportar o desgaste provocado por uma prole geralmente numerosa. É preferível,portanto, que os animais só venham a cruzar após os 18 meses de idade.
Escolhendo o local para a cruza - é sempre preferível levar o macho ao local onde a fêmea vive, O macho, por estar bastante excitado na ocasião, geralmente é pouco afetado pela mudança de ambiente. Os parceiros, logo após a apresentação, devem ser deixados sozinhos, em local tranqüilo, sob discreta supervisão do proprietário. Um acasalamento repetido dois ou três dias seguidos, é geralmente suficiente para assegurar a fecundação da cadela. O macho não deve permanecer junto a fêmea durante todo o período do cio, porque ambos se desgastam demasiadamente e não é necessário um número exagerado de cópulas.
A falsa gestação- também chamada popularmente gestação psíquica, dura cerca de dois meses e muito se assemelha à verdadeira prenhez. No período final, o ventre se avoluma, as mamas ficam túrgidas e aparece leite. O comportamento se modifica, sendo que algumas fêmeas fazem ninho e chegam mesmo a escolher algum objeto como filho. Conhecemos uma cadela Poodle, que adotou um gato siamês, ao qual amamentou durante bom período. Trata-se, evidentemente, de um distúrbio endócrino, que deve ser tratado pelo médico veterinário.
Cruza indesejável - quando ocorre uma cópula acidental, indesejada pelo proprietário, algumas medidas contraceptivas podem ser instituídas. Se a fêmea for levada ao médico veterinário dentro dos dois dias seguintes ao evento, pode-se utilizar medicamentos que impedem a fixação do óvulo e portanto não haverá gestação. Se decorrerem mais dias do cruzamento, ainda se poderá utilizar algumas substâncias que provocam a reabsorção dos pequenos embriões.
Inseminação Artificial- quando se verifica impotência do macho, ou impossibilidade de cruzamento com determinada fêmea, poderá ser utilizada a inseminação artificial. Em futuro próximo, essa técnica deverá se tornar bastante freqüente, e permitirá que bons reprodutores tenham filhos à distância, e em maior número, o que concorrerá bastante para o melhoramento das raças.
A fertilização - o encontro do espermatozóide com o óvulo ocorre entre 24 e 48 horas após o acasalamento. O óvulo assim fertilizado, (ovo), passa a ser nutrido pelo "leite uterino" até as 3 semanas, quando ocorre sua implantação na parede do útero. As infeções crônicas do útero inibem a implantação do ovo, causam morte e reabsorção do feto. Esse é um fenômeno bastante comum, que leva alguns proprietários a reclamarem que suas cadelas cruzam mas não ficam grávidas.
O uso de anti-concepcionais - com os progressos médicos observados nos últimos anos, foi permitido estender aos animais o uso de anticoncepcionais, até então privilégio da mulher. Com uma simples injeção de medicamento do grupo da progesterona, é possível evitar o aparecimento do cio durante 6 meses. O uso de tal droga é de segurança bastante satisfatória e a ausência de acasalamento não causa qualquer problema ao animal. Quando se deseja que a cadela não tenha filhotes, deve-se levá-la a uma clínica para exame geral e a aplicação do anticoncepcional. O proprietário deve evitar de aplicar, por sua alta recreação, tal medicamento, já que se trata de hormônio o qual poderá acarretar efeitos colaterais indesejáveis.
A gestação
O período entre o acasalamento e o parto varia entre 60-63 dias, variação essa em função de vários fatores, mas se observam períodos mais curtos em cadelas de raças pequenas, e períodos mais longos em se tratando de raças de grande porte. A gestação é um dos períodos mais delicados da vida do animal, pois há uma profunda modificação do organismo materno, visando assegurar a formação de novos seres e sua sobrevivência logo após o parto. Nesse período, portanto, o animal deve receber uma série de cuidados, principalmente do ponto de vista higiênico e dietético.
Como há uma maciça transferência de nutrientes da gestante para o feto, é imprescindível melhorar sua alimentação, não só em quantidade como em qualidade.. Assim, a gestante deve receber cerca de 25% a mais de comida durante o segundo mês de gestação, sendo que, em alguns casos, essa quantidade pode ser aumentada um pouco mais. Além disso, um complexo vitamínico mineral deve ser administrado diariamente, segundo prescrição do médico veterinário.
O proprietário neófito em criação de cães, deve evitar certas recomendações dos chamados "entendidos", aliás, tão numeroso hoje em dia, preferindo o aconselhamento de um profissional veterinário, que é a pessoa realmente habilitada para orientação segura. Algum distúrbio observado durante a gestação, por menor que seja, deve receber especial preocupação do proprietário. Assim, qualquer episódio de tristeza, abatimento, corrimento vaginal, sangüíneo ou não, falta de apetite ou excitação, são sinais suficientes para que o animal seja levado a uma clínica para que o fenômeno seja identificado e devidamente corrigido.
Quando se aproxima o dia do parto, as mamas ficam túrgidas e, mediante pressão dos dedos, aparece uma secreção leitosa, ligeiramente amarelada. Lá pelo penúltimo dia, o ventre "baixa" e a temperatura cai cerca de 1 grau abaixo do normal. No dia da parição, o animal geralmente se torna inquieto, ás vezes procura com mais insistência o dono, à vezes procura certos lugares para se esconder. Alguns procuram fazer o "ninho", com panos ou papéis, ou mesmo um buraco em algum local do terreno ou raspando com insistência o chão. Se o animal está acostumado à sua própria casa, normalmente o parto se processa no local. Neste, ou em outro escolhido pelo dono, deve antes ser bem higienizado e forrado com folhas de jornal ou panos limpos.
No momento do parto, nota-se claramente fortes contrações do ventre, que prenunciam o nascimento do primeiro filhote, após alguns minutos. E comum em algumas cadelas se passar uma ou duas horas até a expulsão do primeiro produto. Imediatamente antes de exteriorizar o feto sempre aparece a bolsa d’água.
Nascido o filhote, a própria mãe se encarrega de retirar o envoltório que cobre o filhote, comendo em seguida a placenta. O hábito que as cadelas têm de ingerir a placenta, é um fenômeno natural e que provavelmente exerce uma influência benéfica sobre a lactação e a descida do leite. Algumas cadelas podem dar à luz com intervalos de até um pouco mais de meia hora entre cada filhote, ficando às vezes excessivamente cansadas e até sonolentas. Nesse caso, deve ser ajudada pela pessoa a ela mais afeiçoada, dando-lhe café com um pouco de açúcar.
Caso não se observe o nascimento, decorridos mais de cinco a seis horas do início das contrações, o dono deve procurar uma clínica, a fim de que seja esclarecida a situação e se tome as medidas indicadas. Na maioria das vezes, o parto pode ser induzido, mesmo quando já decorreram até 12 horas dos primeiros sinais. Em alguns casos, um ou mais fetos podem ser retirados por manobras obstétricas ou por operação cesariana. A operação cesariana é hoje um procedimento rotineiro em toda as clínicas veterinárias, sendo o risco extremamente baixo, e o pós-operatório bastante tranqüilo.
O parto
Quando o animal completar um mês de gestação, devem ser iniciados certos cuidados, com a finalidade de prepará-la para o parto e assegurar boas condições também para a prole. Os canis de reprodução devem dispor de uma "maternidade", que se compõe de local separado, para onde a cadela passará a ficar. Assim, ela se tornará familiarizada com o novo ambiente e coincidentemente desenvolverá alguma imunidade contra agentes patogênicos locais.
Ao se aproximar o dia do parto, é conveniente aparar o pêlo das regiões genital e mamária, e fazer uma boa limpeza dessas regiões com água morna e sabão. O local deve ter suficiente aquecimento, pois uma das causas de mortalidade dos filhotes é o frio durante à noite.